Como os atletas conseguem salvar a própria pele

Praticantes de esportes que envolvem grande exposição ao sol participam de campanha de conscientização sobre o melanoma, câncer de pele mais perigoso e letal

Carlos Burle na campanha Eu Protejo a Minha Pele
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Roberta

O que têm em comum o surfista Carlos Burle, o canoísta Fernando Fernandes, a velejadora Patrícia Freitas, a escaladora Janine Cardoso, o triatleta Igor Amorelli, a ciclista Roberta Stopa (foto ao lado), a atleta de crossfit Joyce Sanches e os jogadores de futebol Raphael Paroli e Brendon Sobral? Todos estes superatletas têm o sol como testemunha de seus inscríveis esforços para superar a si próprios.

Este  time de atletas está reunido para alertar esportistas e a população em geral sobre os perigos causados pelos raios ultravioletas. A campanha está sendo veiculada neste mês internacional de combate ao melanoma, o tipo de câncer de pele mais raro, porém, mais letal.

O principal recado  que o Instituto Melanoma Brasil quer passar em sua nova campanha “Eu protejo minha pele” é que praticantes de esportes ao ar livre devem proteger sua pele independente do clima ou da estação do ano. É o terceiro ano consecutivo da campanha de conscientização e prevenção do melanoma.

O foco desta edição é a associação da prática esportiva ao ar livre com os cuidados com a pele, que é o maior órgão do corpo humano. E nada mais gratificante do que contar com um time de grandes atletas outdoor para nos apoiar e ajudar nessa tarefa”, explica Rebecca Montanheiro, presidente do Instituto Melanoma Brasil e ex-paciente de melanoma.

Eles não ficam livres do sol

Fernando Fernandes, atleta outdoor e apresentador
Fernando Fernandes, atleta outdoor e apresentador

Na rua, na quadra, na areia ou no mar. Os praticantes de esportes se movimentam o ano todo não importa o local. “E assim como a atividade física é essencial para a manutenção da boa saúde, a proteção da pele não pode ficar em segundo plano. Medidas preventivas e de proteção como passar protetor solar, alem de usar roupas e acessórios com fotoproteção devem ser adotadas o ano inteiro”, enfatiza Rebecca.

Para o atleta e apresentador Fernando Fernandes, proteger a pele é tão necessário quanto os cuidados com a alimentação e o rendimento físico. “A canoagem exige muitas vezes que eu passe longos períodos dentro d’água e exposto aos raios ultravioletas, cerca de seis horas. O grande desafio é se manter protegido durante todo esse período. Para isso, estou sempre com roupas, viseiras e óculos com proteção e busco usar protetores solares de longa duração, pois muitas vezes não tenho tempo para reaplicar o produto”, diz.

O mais agressivo, com maior potencial metastático

O câncer de pele é muito comum entre brasileiros e, sozinho, apresenta 30% mais casos no país do que os outros 17 tipos de tumores – um número que chega a 180 mil novos por ano, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca). O melanoma corresponde a 5% deste total, mas, apesar de ser um dos tipos de tumores que afetam o órgão com menor prevalência entre a população, é considerado o mais grave por causa da grande capacidade de produzir metástases – quando as células tumorais comprometem outros órgãos, tais como fígado, pulmões e cérebro.

O melanoma é um tipo de câncer de pele originado nos melanócitos – células que produzem a melanina, substância responsável pela cor da pele. Para 2018, a estimativa é de 6.260 novos casos de melanoma, sendo 2.920 homens e 3.340 mulheres.

Quando o seu diagnóstico é precoce, o melanoma tem 90% de chances de cura. Por isso, proteger a pele no dia a dia e saber identificar os primeiros sinais da doença é fundamental. “Nosso objetivo é contribuir para a redução do número de novos casos da doença, estimulando entre as pessoas o hábito da proteção da pele, do autoexame e do compartilhamento de informações que pode salvar vidas”, conclui Rebecca.

Pessoas de pele clara e com sardas são mais suscetíveis

Esse tipo de tumor surge por conta do crescimento anormal dos chamados melanócitos, células que produzem a melanina, dando cor e pigmentação à pele. Pessoas de pele clara, cabelos claros e sardas são mais propensas a desenvolver o câncer de pele. A idade é um fator que também deve ser considerado, pois quanto mais tempo de exposição da pele ao sol, mais envelhecida ela fica.

Por isso, evitar a exposição excessiva e constante aos raios solares sem a proteção adequada é a melhor medida – e isso vale desde a infância. Vale lembrar que, mesmo áreas não expostas diretamente ao sol e menos visíveis – como o couro cabeludo – podem apresentar manchas suspeitas.

De acordo com Bernardo Garicochea, oncologista e especialista em genética do CPO, unidade do Grupo Oncoclínicas em São Paulo, é importante a avaliação frequente de um dermatologista para acompanhamento das lesões cutâneas. “As alterações a serem avaliadas como suspeitas são o que qualificamos como ‘ABCD’- Assimetria, Bordas irregulares, Cor e Diâmetro. A análise da mudança nas características destas lesões é de extrema importância para um diagnóstico precoce”.

Além dos cuidados gerais indicados à toda a população quando o assunto é câncer de pele, o que inclui o uso do protetor solar e atenção ao período de exposição solar prolongada, pessoas com propensão a desenvolver o melanoma devem estar constantemente mais atentas, pois ele pode surgir em áreas difíceis de serem visualizadas.

Uma lesão aparentemente inocente pode ser suspeita aos olhos do médico. Métodos diagnósticos auxiliares, como biópsia e dermatoscopia*, podem ser indicados. Além disso, pacientes que já tiveram um tumor de pele diagnosticado estão sob maior risco de apresentar uma recidiva, e devem ser submetidos a exames dermatológicos periódicos”, diz o Dr. Bernardo.

Teste genético ajuda a detectar melanoma

De acordo com ele, 3% dos melanomas são hereditários.  Pessoas que possuem uma grande quantidade de pintas escuras espalhadas pelo corpo; incidência de melanoma em algum parente muito jovem (menos de 35 anos) e mais de dois casos de melanoma na família (em qualquer idade) são alguns fatores que podem indicar propensão à doença. Nesses casos, há um teste genético capaz de identificar se há predisposição genética ao melanoma. O teste coleta uma amostra de saliva ou sangue para detectar a presença de genes ligados à doença.

Já para quem não conta com um histórico ou indicação que justifique a realização do exame específico de analise do DNA, o Dr. Bernardo recomenda que, em especial para áreas em que há mais dificuldade de visualização, seja solicitado a um familiar ou conhecido um apoio para a avaliação dos sinais existentes no corpo. “Muitas das pintas suspeitas surgem nas costas e pescoço, lugares de difícil visualização. É muito importante também estar atento a manchas que surjam sob as unhas, na palma das mãos e planta dos pés”, finaliza o Dr. Bernardo.

Com ajuda da Dermatoscopia também é possível detectar o problema. Trata-se de um método que utiliza o dermatoscópio, espécie de microscópio que aumenta a imagem da pele em 10 a 70 vezes e permite a visualização das estruturas cutâneas sem nenhum corte ou desconforto. As imagens colhidas ficam em computador e são regularmente comparadas a cada visita médica.

Novos tratamentos dobram chances de cura

O melanoma é o tipo de câncer que apresenta o maior número de mutações genéticas no DNA do tumor. Essas mutações podem confundir o sistema imunológico do paciente e dificultar a ação de terapias tradicionais. Por isso, a imunoterapia é uma das grandes aliadas no tratamento da doença.

“A Imunoterapia é o tratamento que promove a estimulação do sistema imunológico por meio do uso de substâncias modificadoras da resposta biológica. Em resumo, trata-se de um grupo de drogas que, ao invés de mirar o câncer, ajuda as nossas defesas a detectá-lo e agredi-lo”, explica o oncogeneticista do CPO.

Fonte: Instituto Melanoma Brasil e Grupo Oncoclínicas

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